Os Limites da Tolerância: Um Exercício de Reflexão

Os Limites da Tolerância: Um Exercício de Reflexão

 

 

Quando se aborda o tema da tolerância, frequentemente surge a questão dos seus limites. Há uma tendência em considerar que a tolerância e a existência de limites são conceitos contraditórios. No entanto, essa é uma questão que, com um pouco de reflexão, pode ser facilmente resolvida.

Em primeiro lugar, é importante compreender que o conceito de tolerância aplica-se a crenças, ideias, pensamentos e liberdade de expressão, bem como às pessoas em si e às suas diferentes formas de vida. No entanto, a tolerância não diz respeito ao julgamento de ações específicas. Cada um de nós deve tolerar, aceitar e respeitar as crenças, ideias e pensamentos dos outros, independentemente de quão diferentes sejam dos nossos, porque a liberdade de crença e pensamento são pilares fundamentais da dignidade humana. Além disso, devemos aceitar e respeitar as diferenças entre as pessoas, pois, essencialmente, somos todos iguais, e as nossas diferenças individuais não comprometem essa igualdade fundamental. No entanto, a avaliação de ações concretas não se enquadra no âmbito da tolerância. O julgamento de ações é determinado pela moral e pelas normas sociais e legais vigentes.

Para esclarecer ainda mais, temos o dever de aceitar aqueles que pensam de maneira diferente, têm crenças religiosas distintas, orientações sexuais ou estilos de vida diferentes dos nossos. No entanto, não temos o mesmo dever quando se trata de ações específicas que violem a lei, a moral ou os princípios fundamentais da tolerância. Em particular, não temos que tolerar manifestações de intolerância em relação a nós, nossas crenças e convicções. Também não devemos tolerar atos criminosos, cruéis, degradantes ou que violem as regras consensuais de comportamento social.

Ninguém vive isolado da sociedade, e todos devemos cumprir as regras sociais que permitem uma convivência saudável entre todos os indivíduos. Portanto, faz sentido aceitar, valorizar e integrar as diferenças. Aqueles que são diferentes têm o direito de sê-lo, e aqueles que pensam de maneira diferente têm o direito de fazê-lo. No entanto, o direito à diferença não legitima comportamentos que violem as normas sociais, legais e morais da sociedade em questão. Ninguém pode esperar desfrutar apenas dos benefícios da sociedade sem aceitar as responsabilidades que vêm com ela. Aqueles que vivem em sociedade têm o direito de exigir que a sociedade e os outros aceitem suas ideias, concepções e condições diferentes, mas também têm o dever correspondente de respeitar as normas sociais, legais e morais vigentes. Se não estiverem dispostos a fazê-lo, devem procurar um ambiente onde as normas estejam mais alinhadas com suas próprias convicções.

As sociedades evoluem, e a diversidade é uma parte inestimável dessa evolução. Devemos aceitar e valorizar essa diversidade, permitindo que aqueles que defendem ideias, concepções ou condições diferentes da norma busquem convencer os outros da validade de suas escolhas. Isso é liberdade, isso é democracia. No entanto, o direito à defesa de ideias e convicções não deve ser confundido com a pretensão de agir de forma contrária à lei, ao consenso social ou à moral da sociedade em que estamos inseridos.

Em resumo, a tolerância exige que respeitemos a diversidade e as diferenças, promovendo a aceitação, a divulgação e a busca de convencimento, mesmo que isso envolva a promoção de ideias ou concepções diferentes. No entanto, a tolerância não implica aceitar comportamentos que violem o que é legal ou socialmente vigente. Nessas situações, o que se aplica não é a tolerância, mas sim a justiça, seja na forma de justiça formal, seja como censura social ou no julgamento individual.

Portanto, onde a tolerância é aplicável, não há limites. Onde existem limites, sejam eles legais, sociais ou morais, estamos fora do âmbito da tolerância e dentro do domínio do julgamento justo de ações específicas.

 

 

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